A Mafalda… e a construção de alguns valores de vida!
Descobrimos há pouco tempo que a mais recente paixão da Eva é a Mafalda! Sim, essa mesmo, a afamada pequena rapariguita, “filha” de Quino! Então não é que a Eva venera a sua imagem? Pois é! Temos no nosso quarto, qual obra de arte caseira, um quadro desta personagem, olhando tristemente o nosso mundo! É especial para mim e para o pai da Eva, e saiu das minhas mãos como prenda de Natal para ele há uns anos atrás. Lembro-me perfeitamente de estar numa azáfama para a terminar na noite de 23 para 24 de Dezembro, uma noite que praticamente passei em claro. Mesmo sem grande jeito da minha parte, valeu todo o carinho que ali coloquei. A reação da Eva ao contemplá-lo é mais uma prova! Penso que ela percebeu isso mesmo e o significado que aquela imagem tem para nós.
Como temos o quadro pendurado por cima da nossa cama, este é uma companhia assídua cada vez que a nossa pequenota vai mudar a fralda. Começa com um pequeno sorriso, olha-o sem parar e, mesmo perante o olhar triste e desanimado da Mafalda, ela sorri, numa inigmática antítese de sentimentos! Claro que não precisamos de dizer que sentimos um grande e secreto orgulho por ela admirar tanto esta imagem, que tanta carga emocional acarreta para nós.
Tantas vezes esta situação se repetiu nos últimos tempos que ontem resolvi pegar na nossa pequena e, subindo com ela para cima da cama, em pé, a aproximei do quadro. Ela conseguiu esboçar um sorriso ainda maior! Como é possível, perante toda a tristeza da “menina de vermelho”?. Resolvi então, nem sei bem porquê, explicar-lhe o significado daquela imagem. “Sabes porque é que a Mafalda está triste, Eva? Esta triste por olhar para o nosso mundo, um mundo tambem ele triste, sujo, impuro, sem valores, … um mundo doente, como ela própria o diz!”. E foi assim, com base nesta pequena explicação que me habituei a ver, ao ler os livros de banda desenhada da dita personagem, que iniciei com a Eva uma breve reflexão. Mesmo que ela ainda perceba pouco do que lhe digo, sinto que devo começar desde cedo a passar-lhe os nobres valores da vida, aqueles que podem ainda mudar o semblante da Mafalda. “Devemos tentar deixar o mundo um pouco melhor, Eva, … para ajudar a Mafalda a sorrir!”.
Na verdade, o que pedi à minha menina é que seja uma inspiração, um sopro de mudança no mundo “ferido” que veio encontrar. Não, ela não pediu para nascer! É ingrato até hoje em dia trazermos os nossos filhos a este mundo cruel, quando tudo o que queremos é que sejam felizes! Será que o serão, com todas as correrias do dia-a-dia, com todos os ódios, invejas e injustiças com que nos deparamos?
Pedi-lhe ainda que seja pura de sentimentos, que cresca em sabedoria e com a pureza que agora carrega enquanto criança e que se torne uma mulher responsável e de valores elevados. Gostava que ela ajudasse a pequena Mafalda a mudar a sua opinião acerca do mundo, mesmo sendo ainda tão pequenina. Afinal, se todos colaborarmos um pouco, talvez um dia aquela Mafalda ainda venha a sorrir, tal como o faz agora a minha pequena princesa, na sua inocência de criança. Que este sorriso perdure pela vida fora é o que mais desejo! Que o mundo seja um local seguro para a educar também! Utopia? Devaneio? Chamem-me tonta, mas pela minha filha, quero acreditar que ainda é possível!
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