Como sobrecarregamos as crianças de hoje…
No meu dia a dia profissional e pessoal, lido com muitas crianças e jovens e há várias coisas que me vão confidenciando, muitas vezes em tom de brincadeira, noutras em jeito de desabafo, mas que ficam guardadas na minha memória e ecoam. Muitas delas recordo com um sorriso, outras ficam a repetir-se na minha cabeça, vezes e vezes sem conta! Que tipo de pais estamos a ser na atualidade? Que geração estamos a criar? Retiro tanto destas conversas para a educação da Eva, …
Sinto que sou uma privilegiada, pois consigo ter acesso a muito do que vai nas pequenas cabecitas destes meninos e meninas, … algo que um dia posso vir a encontrar na minha filha, … tantos pensamentos, tantas coisas, .. mas algumas delas, não quero repetir com ela! Na semana passada, uma das minhas pequenas dizia-me: “Hoje é dia livre!”, e apenas sorriu alegremente. Não percebi de imediato o que me queria dizer, mas suspeitei. Então, no meio de mais algumas gargalhadas, por ser “dia livre” e por entre duas ou três perguntas, confirmei o que suspeitava, … era “dia livre”, um dia alegre porque não havia atividades extra-curriculares ao final da tarde, depois da saída do jardim de infância.
Porque estamos a criar os nossos filhos assim? Rodeando-os de atividades, de mais e mais tarefas organizadas, de horários restritivos e impositores? Porque não os deixamos simplesmente ser crianças, criar, imaginar, experimentar, assim, livremente, sem estrutura constante, sem minutos contados, sem regras apertadas? Afinal, não é tudo isso que fazemos na idade adulta? E aí não temos escolha, … mas eles, … eles que ainda não crianças, não conseguem sê-lo em plenitude.
Fica a reflexão, … Talvez por isso, há uns meses atrás, quando perguntei a uma outra das minhas pequeninas “o que queres ser quando fores grande?” ela me respondeu “eu quero brincar!” E é assim que vivemos em sociedade, … adultos que sonham em voltar a ser crianças, muitas vezes porque os ritmos impostos fazem com que até a criança que há em neles se perca… e crianças que, sendo verdadeiramente crianças, desejam brincar em adultas, pois talvez não o consigam fazer em plenitude na devida idade. Não é este tipo de mãe que quero ser para a Eva! Quero que ela corra, que brinque, que pule, … que seja dona do tempo dela, enquanto a infância lhe é devida! Só isso, … apenas isso!
2 comentários
carlosamaralphotography · 9 de Abril, 2018 às 9:36
Apoiado!
Ana Serrano · 11 de Abril, 2018 às 5:39
É isso mesmo Joana concordo plenamente, e aprendesse muito brincando sobretudo quando estamos atentos ao que querem brincar e colaboramos com eles. Beijinhos